sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Natal é sinal de vida e de esperança!

Yazba, a protagonista da história


O calendário da Etiópia é diferente do calendário gregoriano que o mundo ocidental segue. Aqui, segundo a tradição ortodoxa, tanto presente na cultura e nos costumes, celebramos o Natal a 7 de Janeiro.
Mas para mim o Natal chegou mais cedo desse dia. Chameio-o o milagre de Natal deste ano. Aconteceu na semana em que o resto do mundo celebrava o Natal e o fim do ano.
Falo-vos da Yazba, uma menina Gumuz que encontrei na aldeia de Dudere, na Quarta-feira 15 de Dezembro. Como de costume, antes da catequese fomos a visitar as casas da aldeia, cumprimentando a gente e convidando-os para virem à catequese e à oração. A menina (terá uns 13 anos) estavas deitada na palhota como morta...os familiares diziam que lhe passaria porque já tinha acontecido outras vezes e depois retornava ao seu normal. Passados 3 dias passei por uma aldeia vizinha e resolvi ir ver como estava. Estava bem pior que antes, melhoras nem sinal, e estremecia muito.
O que será? Melhor tentar levá-la à clínica das irmãs em Mandura (a cerca de 50 km) ou ao hospital de Pawe (uma cidade a cerca de 50 km, onde existe um hospital do Governo onde uase nada funciona!).
Falei com as irmãs de Mandura, pedindo-lhes de vir a ver a menina e a trazer a ambulância porque para mim não a poderia levar no carro. Assim fizémos, e tornei-me num condutor de ambulância! A menina estav mesmo mal, a irmã, enfermeir dizia-me que se sobrevivesse, seria muito bom!! Entre buracos na estrada, poeira sem fim (o nosso asfalto é terra batida!), chegámos com a menina ao hospital,entrou nas urgências e como sempre, e preciso “empurrar”médicos, enfermeios, trabalhadores para que se movam e façam algo. Tratando-se de uma menina Gumuz, ainda pior... (os Gumuz são uma raça inferior, uma espécie de animais...Assim as outras tribos consideram o povo com quem trabalhámos!). Das condições do hospital é melhor nem falar, é difícil encontrar adjectivos para o definir! Finalmente, depois de andar de cá para lá, deixámos lá a menina.
Três dias depois passei pelo hospital para ver como estava: tinham diagnosticado malária e menigite! Pude falar com um médico, que, graças a Deus se mostrou gentil e interessado em acompanhar a menina.Felizmente Yazba estava a reagir muito bem ao tratamento! Mas havia um problema: a família queria levá-la para casa de novo: como pode estar tantos dias no hospital???Mas eram necessários pelo menos 10 dias de tratamento e Yazba estava ali há dias! Todo um problema para os convencer de que a menina tinha que estar ali, leva-la para casa seria deixá-la morrer! Depois de longo tempo lá se convenceram. Prometi que no dia em que ela acabasse o tratamento viria buscá-la e a levaria a casa. A ideia pegou. No dia fixado lá parti de casa até Pawe, depois tornar a Gilgel Beles e mais 35 Km até à sua aldeia...e assim foram 4 horas de viagem.
Yazba, depois de 10 dias de tratamento estava muito, mas muito melhor, caminhava já pelo próprio pé e tudo!!! Quem a tinha visto como morta e quem a via naquele 29 de Dezembro! Foi o grande milagre do nosso Natal! Apesar das tantas dificuldades, conseguimos curar  Yazba! Assim concretizou-se para nós o que Jesus diz no Evangelho: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância”. Pelo menos a nossa presença aqui pode ser um sinal de esperança para o povo Gumuz!
Que o Deus da VIDA nos ajude a ser NATAL!
Com a pequena Yazba e alguns familiares