sexta-feira, 27 de abril de 2012

PÁSCOA É VIDA!


Na caminhada cristã uma vez mais nos encontramos a celebrar o tempo pascal.
Partilho convosco um pouco do que vivemos aqui em Gilgel Beles durante o tríduo pascal. Tivémos aqui na Missão jovens oriundos das diferentes comunidades cristãs e aldeias que fazem parte do território da paróquia. Ao todo eram uns 150, 27 dos quais eram catecúmenos que receberam o Baptismo e fizeram a primeira comunhão na Vigília Pascal.
Foram dias vividos com muita intensidade, com muito trabalho e cansaço à mistura, mas com muita alegria e entusiasmo.
VIDA foi a palavra dominante nestes dias: a Ressurreição de Jesus é Vida que nos permite de começar, ou de recomeçar uma vez mais a nossa caminhada de configuração a Jesus de Nazaré que Deua a sua vida na Cruz por todos nós e quis ficar sempre connosco  nos sacramentos que nos dão energia nova todos os dias.
VIDA foi a palavra que mais repeti nas reflexões dos momentos de oração comunitária e de reconciliação pessoal. Antes de mais a VIDA é DOM gratuito de Deus. Porém na  cultura Gumuz encontramos muitos sinais de “não-vida” e de morte concreta. Nas semanas que anteceram a Páscoa fomos aterrorizados com a morte de uma rapariga, uma das nossas catecúmenas, enforcada numa árvore. Tivémos notícia de uma outra, sempre da mesma aldeia, que tentou enforcar-se: esteve dependurada numa árvore umas quatro horas, mas conseguiram salvá-la.
A primeira pergunta que nos fazemos é: porquê? Ao fazermos esta pergunta sabemos também que na região Benishangul Gumuz, Mandura (o concelho a que pertencemos) é o que apresenta a taxa de suicídios mais elevada. Estas duas raparigas são jovens: 16-17 anos no máximo. Mas voltemos ao porquê. A razão é esta: os pais e os irmãos obrigaram-na a casar-se com um rapaz pelo qual elas não sentiam nenhum interesse, não queriam casar-se. Foram obrigadas a fazê-lo e o resultado é o que sabemos...
Estas duas raparigas são apenas dois exemplos, poderia mencionar tantos que acontecem muito frequentemente entre nós. O casamento forçado é a causa principal destes acontecimentos. A geração jovem é vítima de uma sociedade que resiste muito à mudança de costumes, a um tentativo de “humanizar” um pouco certas normas sociais que continuam a escravizar. Estas mortes são expressão de desespero...
Mas há sinais de Vida: posso falar-vos de outro caso de uma rapariga corajosa, uma cristã que foi dada em matrimónio a um muçulmano que a queria obrigar a professar a fé islâmica. Ela recusou e fugiu para a aldeia dos seus pais. A sorte desta raapariga é que tem o paoio da mãe na sua decisão. Se assim não fosse, poderia ser muito diferente. Do catequita ouvi que ela teria dito que pensou ao suicídio como solução, mas prevaleceu a convicção da rapariga de que tem muitas qualidades e o suicídio não resolveria nada, traria ainda mais sofrimento a todos.
 Este é um testemunho de uma jovem que me diz que VALE A PENA LUTAR SEMPRE PELA VIDA! É a história de Páscoa que nos ensina que o Evangelho tranforma a vida daquele que se abre à sua força libertadora.
BOA PÁSCOA!

sábado, 31 de março de 2012

ERAM MAIS OU MENOS AS QUATRO DA TARDE...


“No dia seguinte, João estava lá de novo, com dois
discípulos.  36 Vendo Jesus que passava, apontou: «Eis o
Cordeiro de Deus». Ouvindo estas palavras, os dois
discípulos seguiram Jesus.   Jesus virou-Se e, vendo que
O seguiam, perguntou: «Que procurais?» Eles disseram: «Rabi
(que quer dizer Mestre), onde moras?»   Jesus respondeu:
«Vinde ver». Então eles foram e viram onde Jesus morava. E
começaram a viver com Ele naquele mesmo dia. Eram mais ou
menos quatro horas da tarde”.(João 1, 35-39)

Neste excerto do Evangelho de João encontramos um episódio autobiográfico de João: a hora certa em que se encontrou com o Mestre, aquele que transformou completamente a sua vida, ou melhor deu um sentido à sua vida. De facto foi taão forte a intensidade deste encontro que Jão se lembra inclusivammente da hora.
Pregunto-me tantas vezes porque e que este detalhe é tão importante para o Evangelista. A resposta para mim é esta: João tem a capacidade de ver neste momento a mão de Deus e e por isso que o recorda. E lembra-nos quanto é importante descobrir nos acontecimentos de cada dia a presença deste Deus que e AMOR e que vela continuamente sobre mim, sobre ti..
Porquê este discurso? 31 de Março é para mim um dia memorável, sinto-o como o meu momento, as minhas “quatro da tarde”. Foi de facto no dia 31 de Março de 1990 que eu, no meu coração, decidi dedicar a minha vida ao Senhor na vida missionária. E neste dia começou a aventura de descoberta: será mesmo esta vida a que o Senhor me chama? Tudo começou nesse dia. Era um sábado, como este ano. Os Combonianos passaram pelAa minha paróquia numa semana de Animação Missionária.
Hoje, 22 anos depois posso dizer que sinto esse momento como hoje e não me arrependo da minha escolha! Afinal, Deus ama quem dá com alegria!