domingo, 26 de outubro de 2008

Pobres mais pobres


A Organização das Nações Unidas (ONU) lançou um apelo em favor dos países mais desfavorecidos e das suas populações, face à recente crise financeira global.
Numa declaração conjunta do Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, dos chefes das agências da ONU e de diversas entidades, incluindo o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI), é afirmado que se nenhuma acção concertada for tomada, os recentes progressos no combate à pobreza, “duramente conquistados”, podem ser perdidos.
“A crise que estamos a viver hoje terá um impacto em todos os países, desenvolvidos e em desenvolvimento, mas as suas mais graves repercussões farão sentir-se mais naqueles que são menos responsáveis – os pobres nos países em desenvolvimento”, pode ler-se.
A ONU considera ser necessário que todos os países sem excepção tomem medidas para garantir que os mais vulneráveis não sejam deixados para trás.
Na declaração conjunta sublinha-se que “é precisa uma acção imediata para proteger pessoas, empregos, casas”, face à gravidade da crise financeira que, ainda assim, não deve desviar a atenção dos líderes e responsáveis políticos de outros desafios, como “a mudança climática e as metas antipobreza conhecidas como Objectivos de Desenvolvimento do Milénio”.
No próximo dia 15 de Novembro, líderes mundiais irão reunir-se em Washington para uma cimeira que visa responder à actual crise. A ONU espera uma “reforma significativa, abrangente e bem coordenada” do sistema financeiro internacional.
Já esta semana, o Vaticano veio a público pedir que a comunidade internacional respeite os seus compromissos em matéria de ajuda ao desenvolvimento, apesar da actual crise financeira.
O apelo foi lançado esta Quinta-feira, durante um seminário de estudo convocado pelo Conselho Pontifício Justiça e Paz (CPJP), tendo em vista a Conferência das Nações Unidas em Doha, Qatar, sobre o financiamento ao desenvolvimento, que decorrerá de 29 de Novembro a 2 de Dezembro.
O presidente do CPJP, Cardeal Renato Martino, lembrou que muitas famílias no mundo se limitam a sobreviver e não têm oportunidade de ser protagonistas do próprio desenvolvimento. "Demasiadas pessoas são obrigadas a emigrar, demasiadas pessoas continuam a ser oprimidas pela pobreza absoluta e a viver em países onde a dívida lhes impossibilita o acesso aos serviços básicos. Nesta perspectiva, o financiamento ao desenvolvimento deve compreender todos os aspectos da vida, o indivíduo, a família, a comunidade e o mundo", indicou.
Para o antigo representante da Santa Sé na ONU, o colapso financeiro mundial das últimas semanas levou todos a reconhecerem-se como uma única humanidade: "Todos devemos colaborar para o bem de todos. Esta é a globalização, o reflexo que essas crises têm em todo o mundo e, depois, a necessidade que se impõe de solidariedade também para com os países menores, mais pobres”.
Seis anos depois da declaração de Monterrey, o Cardeal Martino diz que “as boas intenções e as boas vontades, apesar de serem essenciais, não foram suficientes para criar um desenvolvimento sustentável”.
Fonte: ecclesia

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