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Agosto 2009. Este o dia em que aterrei em Addis Abeba. Pela primeira vez na
minha vida pisava solo africano, esta terra tão querida e amada pelo nosso
fundador, S. Daniel Comboni. Finalmente começava a ser verdade para mim a
chegada à Missão. Senti uma grande emoção pelo grande dom que Deus me
dava: chegar à minha “terra prometida”, a Etiópia.
Chegar
à Missão pela primeira vez significa antes de mais ENCONTRO. Encontro com
uma realidade de um país que eu não conhecia, com uma mentalidade completamente
diferente da minha, com um estilo de vida nada semelhante ao meu. A primeira
grande diferença é o calendário: parti de Portugal em 2009 e cheguei à Etiópia
em 2001! 8 anos de diferença! É que a Etiópia segue um calendário diferente do
ocidental: o ano tem início no (nosso)dia 11 de Setembro e é composto de 13
meses. Mas a experiência de encontro foi essencialmente com a realidade de um
país jovem, sempre muita gente pelas ruas, especialmente jovens, cerca de metade
da população da Etiópia tem menos de 16 anos! A Etiópia, com a população de
cerca 83 milhões de pessoas é um mosaico de grupos étnicos: existem 83
diferentes grupos étnicos, com outras tantas diferenças de língua, costumes,
tradições. Também as religiões abundam: cristãos (entre os quais católicos,
ortodoxos e protestantes), muçulmanos e religiões tradicionais. A primeira
tarefa do missionário é conhecer a nova realidade: aprender a língua, a
história, a cultura. Este é o meu trabalho pastoral neste primeiro ano da
presença aqui na Etiópia: aprender o Amárico, a língua nacional e os diferentes
aspectos da história e das culturas do país. Encontro-me em Addis Abeba, a
capital do país a frequentar o curso de língua para recém-chegados. Somos um
grupo de missionários: religiosos, diocesanos, leigos estrangeiros que se
preparam para a Missão em diferentes partes do país.
Nestes
meses tive também a oportunidade de conhecer as nossas missões, os missionários
que lá trabalham e as pessoas com quem trabalham. Pude tocar a presença de
Deus e do Evangelho nas pessoas, especialmente na sua alegria e força de viver
apesar das muitas dificuldades que têm que atravessar a nível económico, social
e político. A presença dos Missionários Combonianos na Etiópia tem cerca de 40
anos, nestes anos muito trabalho foi feito no campo da evangelização e da
promoção humana, especialmente na educação e saúde. A mensagem de Jesus pouco a
pouco vai penetrando no coração desta cultura, curando feridas abertas e
construindo una nova civilização.
Em
finais de Junho terminarei o curso de introdução. Depois irei trabalhar na
Missão de Gelgel Beles, entre o povo Gumuz.
No
início de Março recebi a destinação para a Missão: entre o povo Gumuz, a
cerca de 550 Km Norte de Addis Abeba, na zona, grosso modo, das nascentes
do Nilo Azul, perto da fronteira com o Sudão.
Este
é um lugar onde os Missionários Combonianos chegaram em 2003, uma Missão
de recente fundação entre um povo que vive, diríamos, um estilo de vida
primitiva. Os Gumuz existem também no Sudão. Este é um povo de marginalizados,
estão entre os mais pobres e abandonados da Etiópia, são uma tribo cuja
história e cultura estão fortemente marcadas pela submissão, de facto foram
sempre os escravos das tribos circundantes, especialmente os Aghau e Amhara. E
são considerados por estes como de uma “categoria” inferior. Para além da
segregação a que estiveram sempre sujeitos, também o acesso principalmente à
educação escolar foi-lhes sempre negado.
A nossa
presença entre este povo é a principal aposta dos Combonianos aqui
presentes, um trabalho estritamente de primeira evangelização, num lugar onde
nunca se ouviu falar de Jesus Cristo. Este é um lugar especificamente
comboniano. Como Comboni, somos chamados a estar e trabalhar com os mais
esquecidos, levando Jesus Cristo àqueles lugares onde ele ainda não chegou.
Pe
Quim, mccj.quimmccj@gmail.com
1 comentário:
Olá Quim,
Fico contente por poder partilhar um pouco da tua missão! Força, continua a partilhar a missão com os teus amigos! Procura, sobretudo, ser positivo sobre a África! Eu acredito que nós devemos partilhar o que a África tem de bom e bonito! Uma alternativa à "outra escrita" sobre a África.
Um abraço amigo,
Horácio
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