quinta-feira, 17 de junho de 2010

Bispos de Portugal, tenho uma coisa para vos dizer!

Como missionário Comboniano estou  na Etiópia mandado pela Igreja de Portugal, a qual me sinto ligado e acompanho de perto por quanto me é possível.
Eis aqui um texto de D. António Couto, bispo Auxiliar de Braga que penso nos dá um belo estímulo para o nosso testemunho cristao na sociedade:


1. No espaço de dois anos e meio, o Papa Bento XVI fez aos Bispos de Portugal dois interessantíssimos discursos: o primeiro, em Roma, em 10 de Novembro de 2007, durante a Visita ad Limina; o segundo, em Fátima, em 14 de Maio de 2010, durante a Visita Apostólica a Portugal.
2. No discurso de 2007, o Papa trouxe para primeiro plano a construção de uma Igreja de comunhão e participação, em que os seus membros não fiquem perdidos e entretidos nas pregas do tempo e da vaidade a discutir quem é o primeiro, mas se ocupem verdadeiramente nas coisas de Deus e no testemunho de Cristo, começando por apostar numa nova e fecunda iniciação cristã, que não vá deixando pelo caminho cada vez mais crianças e jovens. Mais do que os discursos e as ideias, é o encontro testemunhado com a Pessoa de Cristo que é determinante. Era este o caminho, o método.
3. No discurso de 2010, Bento XVI, serenamente feliz, começou por apresentar o Papa como alguém que vive, não para si mesmo, mas para a presença de Deus no mundo, coram Deo e coram hominibus. Esta atitude faz toda a diferença. Por isso, insistiu que os Pastores não podem ser apenas pessoas que ocupam um cargo, mas têm de sentir-se responsáveis pela abertura da Igreja à acção do Espírito, como a harpa de David exposta ao vento do Espírito, de onde saem sempre as mais belas melodias.
Sentinelas atentas, portanto, aos novos movimentos e novas formas eclesiais, que o Espírito vai despertando, e que vão transformando o «inverno da Igreja» em nova primavera.
4. Coram Deo e coram hominibus. Difícil postura, sem equilibrismos, ao mesmo tempo contemplativa e profética. Testemunhal sempre. E Bento XVI voltou a lembrar que os discursos e apelos aos princípios e valores cristãos, ainda que necessários e indispensáveis, não chegam ao mais fundo do coração da pessoa, não tocam a sua liberdade, não mudam a vida. Aquilo que fascina, referiu, é sobretudo o encontro com pessoas crentes que, pela sua fé, atraem para a graça de Cristo, dando testemunho d’Ele.
5. Por isso e para isso, Bento XVI lembrou aos Bispos o caminho pastoral que se propuseram fazer: oferecer a todos os fiéis uma iniciação cristã exigente e atractiva, radicada no Evangelho, e que venha a ter reflexos na vida pública. Por isso e para isso, lembrou ainda o Papa, é necessário um novo vigor missionário de todos os cristãos, chamados a formar um laicado maduro, empenhado na Igreja e solidário no coração do mundo, onde devem ser verdadeiras testemunhas de Jesus Cristo, sobretudo nos meios humanos onde o silêncio da fé é mais amplo e profundo, e referiu a propósito, os meios políticos, intelectuais e dos profissionais da comunicação.
6. Mas também é fundamental o testemunho da alegria, da caridade e da esperança no mundo deste tempo, com tantas e tão acentuadas carências sociais, com tantas pobrezas, onde sobressai a falta do sentido da vida.
7. Enfim, os Bispos de Portugal devem ser mestres e testemunhas, mestres porque testemunhas, exercendo sempre a sua paternidade episcopal, antes de mais com os sacerdotes, mas também com todos os fiéis, não descurando a denúncia profética e o seu papel de sentinelas que velam pelo rebanho e conduzem o rebanho, sem esquecer a atenção de privilégio que devem sempre saber dar à ovelha perdida. Isto porque, a grande referência para o Papa, para os Bispos e para todos os cristãos é Jesus Cristo. Sem Ele, disse em jeito de desabafo o Papa na Homilia da Santa Missa celebrada no Porto, no dia 14 de Maio: quanto tempo perdido, quanto trabalho adiado!
8. Glosando o título deste breve texto, retirado das palavras certeiras de Jesus que dissolvem os pensamentos tortuosos insidiados no coração do fariseu Simão (Lc 7,36-50), os Bispos de Portugal foram desafiados a verem, para além das muitas acções que vão realizando neste país e neste tempo (a mulher do Evangelho acima citado realiza seis!), a sétima, que é a grande acção da Graça de Deus que há-de ser sempre o fio condutor da sua vida de Pastores, de bons Pastores. Portanto, só estando verdadeiramente e sem subterfúgios e sem intervalos coram Deo, se pode estar também verdadeiramente coram hominibus, prestando a esta humanidade sofrida e desalentada um verdadeiro serviço de qualidade.
9. Para lá dos conteúdos dos discursos com que nos brindou, o maior realce tem de ser posto, todavia, também para que os discursos sejam verdadeiros, no facto de Bento XVI ter sido no meio de nós testemunha qualificada da acção da Graça de Deus em acção no nosso mundo.
D. António Couto, Bispo Auxiliar de Braga
in http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?id=80141

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Celebrar a vida doada com amor


“Este Coração (de Jesus) adorável, divinizado pela união hipostática do Verbo com a humana natureza em Jesus Cristo nosso salvador, livre sempre de toda a culpa e rico em toda a graça, não conheceu um instante desde a sua formação em que não palpitasse com o mais puro e misericordioso amor pelos homens. Desde o sagrado berço de Belém, apressa-se a anunciar pela primeira vez a paz ao mundo: menino no Egipto, solitário em Nazaré, evangelizador na Palestina, partilha a sua sorte com os pobres, convida os pequenos e desafortunados a que se aproximem, conforta e cura os doentes, devolve os mortos à vida, chama ao bom caminho os extraviados e perdoa aos arrependidos; moribundo na cruz, na sua extrema mansidão reza pelos seus crucificadores; glorioso ressuscitado, manda os Apóstolos pregar a salvação ao mundo inteiro.
Este coração divino, que tolerou ser atravessado por uma lança inimiga, para saírem do seu lado aberto os sacramentos com que se formou a Igreja, de nenhum modo deixou de amar os homens, mas vive permanentemente nos nossos altares, prisioneiro de amor e vítima propiciatória de todo o mundo.”
(S. Daniel Comboni, Escritos 3323-3324)

Celebramos hoje a festa do coração de Jesus que este ano coincide com o encerrammento do ano dedicado ao sacerdócio. Um tempo em que tivémos oportunidade para reflectir, rezar e viver de especial forma quantos, como Jesus Bom Pastor, dedicam a sua vida com generosidade para que outros vivam.
Feliz (ou infelizmente) fomos confrontados também com as notícias que nos assaltaram de casos de sacerdotes cuja fidelidade a Cristo e ao Evangelho deixa muito a desejar. Estou convencido que a todos nos ajuda a renovar o nosso SIM com generosidade e a abandonar a tibieza de algumas nossas opções e/ou porventura acções e a continuar a missão que nos foi confiada com uma esperançarenovada. Somos portadores de um tesouro muito mais importante que as nossas fraquezas.

Desejo-te caro irmão sacerdote que o Senhor te conceda de ser um pastor segundo o seu coração, fazendo tuas estas atitudes de Jesus:
ü  A Sua doação incondicional ao Pai
ü  A universalidade do seu amor pelo mundo
ü  O seu comprometimento com a dor e a pobreza dos homens.

Boa Missao!

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Sede de Deus


Salmo 42: Sede de Deus
Como suspira a corça pelas águas correntes,
assim a minha alma suspira por ti, ó Deus.
A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo!
Quando poderei contemplar a face de Deus?
Dia e noite as lágrimas são o meu alimento,
porque a toda a hora me perguntam:
«Onde está o teu Deus?»
A minha alma estremece ao recordar
quando passava em cortejo para a Casa do Senhor,
entre vozes de alegria e de louvor
da multidão em festa.

Porque estás triste, minha alma, e te perturbas?
Confia em Deus: ainda o hei-de louvar.
Ele é o meu Deus e o meu salvador.

A minha alma está abatida:
por isso, penso muito em ti,
desde as terras do Jordão e dos montes Hermon e Miçar.
De abismo em abismo ressoa
o fragor das águas revoltas;
as tuas vagas e torrentes passaram sobre mim.
Durante o dia, o Senhor há-de enviar-me os seus favores,
para que eu reze e cante, à noite, ao Deus que me dá vida.

Quero dizer a Deus: «Tu és o meu protector,
porque te esqueces de mim?
Porque hei-de andar triste sob a opressão do inimigo?»
Quebram-se os meus ossos,
quando os inimigos me insultam
e repetem a toda a hora:
«Onde está o teu Deus?»

Porque estás triste, minha alma, e te perturbas?
Confia em Deus: ainda o hei-de louvar.
Ele é o meu Deus e o meu salvador.

Quando o salmista diz que a sua «alma» tem sede de Deus, não imagina uma sede puramente espiritual ou intelectual. A palavra «alma» sugere muito mais o facto de a sua sede vir do fundo do seu ser e afecta tudo o que lhe é vital. Para quem tem esta sede, viver sem Deus já não é viver, pois sobre esta terra a vida só é plena num louvor a Deus.
para ler mais clica aqui  http://www.taize.fr/pt_article175.htm

domingo, 6 de junho de 2010

Primeiros passos na Missão


    7 Agosto 2009. Este o dia em que aterrei em Addis Abeba. Pela primeira vez na minha vida pisava solo africano, esta terra tão querida e amada pelo nosso fundador, S. Daniel Comboni. Finalmente começava a ser verdade para mim a chegada  à Missão. Senti uma grande emoção pelo grande dom que Deus me dava: chegar à minha “terra prometida”, a Etiópia.
    Chegar à Missão pela primeira vez significa antes de mais ENCONTRO. Encontro com uma realidade de um país que eu não conhecia, com uma mentalidade completamente diferente da minha, com um estilo de vida nada semelhante ao meu. A primeira grande diferença é o calendário: parti de Portugal em 2009 e cheguei à Etiópia em 2001! 8 anos de diferença! É que a Etiópia segue um calendário diferente do ocidental: o ano tem início no (nosso)dia 11 de Setembro e é composto de 13 meses. Mas a experiência de encontro foi essencialmente com a realidade de um país jovem, sempre muita gente pelas ruas, especialmente jovens, cerca de metade da população da Etiópia tem menos de 16 anos! A Etiópia, com a população de cerca 83 milhões de pessoas é um mosaico de grupos étnicos: existem 83 diferentes grupos étnicos, com outras tantas diferenças de língua, costumes, tradições. Também as religiões abundam: cristãos (entre os quais católicos, ortodoxos e protestantes), muçulmanos e religiões tradicionais. A primeira tarefa do missionário é conhecer a nova realidade: aprender a língua, a história, a cultura. Este é o meu trabalho pastoral neste primeiro ano da presença aqui na Etiópia: aprender o Amárico, a língua nacional e os diferentes aspectos da história e das culturas do país. Encontro-me em Addis Abeba, a capital do país a frequentar o curso de língua para recém-chegados. Somos um grupo de missionários: religiosos, diocesanos, leigos estrangeiros que se preparam para a Missão em diferentes partes do país.

    Nestes meses tive também a oportunidade de conhecer as nossas missões, os missionários que lá trabalham e as pessoas com quem trabalham. Pude tocar a presença de Deus e do Evangelho nas pessoas, especialmente na sua alegria e força de viver apesar das muitas dificuldades que têm que atravessar a nível económico, social e político. A presença dos Missionários Combonianos na Etiópia tem cerca de 40 anos, nestes anos muito trabalho foi feito no campo da evangelização e da promoção humana, especialmente na educação e saúde. A mensagem de Jesus pouco a pouco vai penetrando no coração desta cultura, curando feridas abertas e construindo una nova civilização.
    Em finais de Junho terminarei o curso de introdução. Depois irei trabalhar na Missão de Gelgel Beles, entre o povo Gumuz.  


    No início de Março recebi a destinação para a Missão: entre o povo Gumuz, a cerca de 550 Km Norte de Addis Abeba, na zona, grosso modo,  das nascentes do Nilo Azul, perto da fronteira com o Sudão.
    Este é um lugar onde os Missionários Combonianos chegaram em 2003, uma Missão de recente fundação entre um povo que vive, diríamos, um estilo de  vida primitiva. Os Gumuz existem também no Sudão. Este é um povo de marginalizados, estão entre os mais pobres e abandonados da Etiópia, são uma tribo cuja história e cultura estão fortemente marcadas pela submissão, de facto foram sempre os escravos das tribos circundantes, especialmente os Aghau e Amhara. E são considerados por estes como de uma “categoria” inferior. Para além da segregação a que estiveram sempre sujeitos, também o acesso principalmente à educação escolar foi-lhes sempre negado.
    A nossa presença entre este povo é a principal aposta dos Combonianos aqui presentes, um trabalho estritamente de primeira evangelização, num lugar onde nunca se ouviu falar de Jesus Cristo. Este é um lugar especificamente comboniano. Como Comboni, somos chamados a estar e trabalhar com os mais esquecidos, levando Jesus Cristo àqueles lugares onde ele ainda não chegou. 
    Pe Quim, mccj.
    quimmccj@gmail.com

sábado, 5 de junho de 2010

O poder do sorriso

Oferecer um sorriso torna feliz o coração.
Enriquece quem o recebe sem empobrecer quem o doa.
Dura somente um instante, mas a sua lembrança permanece por longo tempo. 
Ninguém é tão rico a ponto de dispensá-lo, nem tão pobre que não possa doá-lo. 
O sorriso gera alegria na família, dá sustento no trabalho e é sinal tangível de amizade.
Um sorriso dá consolo a quem está cansado, renova a coragem nasprovações e é remédio na tristeza.

E se um dia encontrares alguém que não te oferece um sorriso, sê generoso e oferecelhe o teu: Ninguém tem tanta necessidade de um sorriso quanto aquele que não sabe dar.